quarta-feira, 26 de novembro de 2014

APRENDENDO COM A LEI

O que Paulo quer dizer quando declara: " Assim, a Lei foi o nosso tutor (Aio) até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé" (Gálatas 3:24 e 25)? 

Essa é uma pergunta sobre a função da Lei. Vamos ver algumas considerações:

1) A Lei: Falsos mestres da Galácia exigiam que os crentes fossem circuncidados a fim de pertencerem ao povo de Deus. Segundo Paulo, esses ensinamentos eram contrários ao conceito da salvação em Cristo (Gl. 1:6-9). Ele interpreta essa imposição como uma tentativa de fazer da Lei um elemento que contribuiu com a nossa busca por aceitação divina. Para o apóstolo, Deus nos aceita exclusivamente por meio de Cristo, não pelas obras da Lei (Gl. 2:16). Seu ponto crítico é aparentemente muito claro: A Lei não pode dar aquilo de que necessitamos desesperadamente, a saber, vida (Gl. 3:21), a qual só temos acesso mediante Cristo. Se a Lei pode dar vida, então a morte de Cristo foi desnecessária.
O apóstolo até argumenta que em lugar de dar vida, a Lei nos sentencia à morte! Ele declara: " Por meio da Lei eu morri para a Lei" (Gl. 2:19). A Lei pode apenas pronunciar maldição contra nós porque seres humanos pecadores não conseguem obedecê-la (Gl. 3:10; Rm 8:6-8). Cristo dá vida porque tomou sobre Si a maldição da Lei (Morte), morrendo em nosso lugar, e nos resgatou dessa maldição mortal (Gl. 3:13): " Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gl. 2:20). Quando se trata de nossa justificação, a Lei não contribuiu em nada. Em Cristo a sentença de morte da Lei contra mim foi executada, e agora desfruto da vida por intermédio dEle.

2) A Lei e a prisão do pecado: Usando a ilustração da prisão, Paulo pergunta: "QUAL ERA ENTÃO O PROPÓSITO DA LEI?" (Gl. 3:19). Então, declara que ela foi dada a Israel "por causa das transgressões". Embora a frase possa ser interpretada de várias maneiras, a melhor interpretação nesse contexto é de que a Lei revela o pecado, ela nos conscientiza de nosso egoísmo, nossa fragilidade (Rm. 3:20), mas não pode resolver o problema. Ela serve como um espelho que mostra a sujeira do pecado e agora precisamos recorrer a fonte de salvação, que é Cristo Jesus.
Para esclarecer, Paulo declara que segundo as Escrituras, o mundo todo está preso "debaixo do pecado" (Gl. 3:22), estando sob a custódia da Lei (vs 23; Rm. 11:23). Ele menciona que estamos sob a maldição da Lei até a vinda de Cristo. A raça humana foi aprisionada, esperando pela execução da sentença. O único meio de escape dessa prisão é a fé em Cristo. Ele veio, "nascido debaixo da Lei" (Gl. 4:4), entrou na prisão do pecado para resgatar os que estavam "debaixo da Lei", e fazê-los filhos de Deus (vs 5). A maldição da Lei torna a salvação em Cristo indispensável.

3) A Lei como tutor: A palavra grega traduzida po "tutor" é paidagogos (Gl. 3:24). Ela era comumente usada para distinguir um escravo ou homem livre, contratado para proteger o filho do mestre contra o mal, para instruí-lo nas questões morais e no uso da linguagem, e para aplicar a disciplina sempre que necessário. Quando a criança atingia a idade adulta, o controle do paidagogos terminava. O termo combina com a ideia de disciplina estrita, submissão e instrução.
Paulo usa essa ilustração para mostrar que antes da vinda de Cristo não tínhamos liberdade e estávamos, como escravos, submissos a um poder sobre o qual não tínhamos controle. A Lei nos instrui e disciplina, mas não tem poder redentor. Embora a ênfase não esteja na Lei como algo que conduz à liderança de Cristo, a ideia não é totalmente ausente. O filho ansiava pela idade adulta para desfrutar de liberdade, e para Paulo nossa infância terminou por ocasião da vinda do Messias. Agora a obediência da Lei é uma expressão de amor e gratidão (Gl. 5:6,13,14,19-24; Rm. 8:3 e 4). Para aqueles que estão em Cristo a função condenatória da Lei terminou. Porém, Paulo nunca disse que a Lei estava abolida, do contrário, disse que é ela que nos mostra o nosso pecado e nos conduz (Aio) a graça (salvação) de Cristo Jesus.

Artigo feito pelo Pr. Ángel Manuel Rodriguez e adaptado por Pr. Marcos Freires.